Não faz muito tempo o ambiente de esportes de montanha era um território dominado predominantemente por homens. A proporção de mulheres era muito pequena e isso refletia na representatividade em todos os eventos e atividades culturais neste universo. Há cerca de 10 anos atrás, as mulheres representavam algo como 30% da fatia total de praticantes. Mas este panorama vem mudando a passos largos.
Um dos reflexos deste número crescente de mulheres neste ambiente que conquista popularidade na sociedade, é a participação de mulheres em filmes e documentários sobre montanha. Outrora somente participantes como protagonistas e coadjuvantes dos filmes, não era grande o número de produtoras e diretoras deste gênero. Raras as vezes que havia produções disponíveis, de qualquer esporte de montanha, sob a ótica e direção de mulheres.
Mas com excelentes profissionais destacando-se como a britânica Jen Randall, hoje considerada das maiores documentaristas de esportes de montanha de seu país, Jennifer Peedom, que atualmente é disputada diretora de documentários na Austrália e Oakley Anderson-Moore, premiada documentarista nos EUA em filmes sobre escalada, não demoraria muito que outras mulheres se motivassem a também seguir a mesma trilha.
Desta maneira o Freeman Film Festival Brasil, que é um braço do prestigiado festival mexicano de filmes de montanha, conseguiu reunir em um evento com filmes brasileiros produzidos e dirigidos com mulheres. A iniciativa é inédita no universo outdoor, destacando o ambiente igualitário e respeitoso que são os esporte de montanhas com as mulheres. O principal destaque é o aguardo “Mulheres São Montanhas”, da atriz e diretora Renata Calmon. Recém iniciada no esporte, Calmon se inspirou na histórias de duas personagens da cidade de São Bento do Sapucaí: Mônica Filipini e Danielle Pinto. O filme contém muitas reflexões a respeito da vida, da sociedade e de como o montanhismo pode servir para driblar as dificuldades que a vida nos impõe.
O filme foi viabilizado por meio de financiamento coletivo, sendo amplamente apoiado pela comunidade de montanha não somente por falar sobre o assunto, mas por possuir uma qualidade artística nunca antes vista em produções do gênero. A produtora ficou muito satisfeita com a escolha e convite da produção do evento e confirmou presença para apresentá-lo à plateia.
Um outro destaque na mostra é Paula Kapp, que é apaixonada por montanhismo e recentemente teve a oportunidade de subir o Bonete Chico (6.759 m), a quarta montanha mais alta de todas as Américas.
Além de realizar uma conquista inédita para o montanhismo brasileiro, ainda preocupou-se em documentar e produzir o filme “Bonete – A conquista Brasileira”. Mais do que simplesmente um filme, é um documento histórico sobre o montanhismo brasileiro feito por Kapp.
Um outro filme destacado pela Mostra Freeman Film Festival é “Uma aventura como ela é” produzido por Bia Carvalho e editado e dirigido por Edinho Ramon, filmaram e praticaram todo tipo de atividade de montanha na França. O filme é cheio de energia positiva além de contar com vários detalhes da vida interiorana nas montanhas da França.
Quando perguntado sobre os motivos de focar em filmes produzidos e dirigidos somente por mulheres, a organização disse que “o principal motivo é divulgar o esporte, reunir as pessoas e, de maneira inédita, mostrar quem são as mulheres que levam o esporte como filosofia de vida”.
Além dos três filmes, haverá também a exibição de “”Dirtbag – A história do Fred Beckey”, que conta a quase anedótica vida de um montanhista americano que praticou o esporte dos 16 aos 90 anos de idade, sem nunca ter se dedicado a esposa, família e profissão. Dentro da comunidade de montanhistas é considerado a pessoa que mais realizou primeiras ascensões na história do montanhismo norte-americano. O filme foi amplamente premiado, tanto por juri quanto por público, em todos os festivais que participou: Banff Mountain Festival, Kendal Mountain Film, EXO, NAFF, Bansko Mountain Film, Bilbao Mendi Film Festival, entre muitos outros. A produção é a mais aguardada pela comunidade outdoor para o ano de 2018.
A mostra terá exibição no dia 27 de setembro de 2018 na sala de cinema Cinesala, um simpático cinema de rua na cidade de São Paulo que funciona desde 1962. A escolha de um cinema de rua tem uma explicação, Morales afirmou que “este tipo de cinema conserva o espírito alternativo e até meio hipster que todo montanhista possui, além de permitir uma maior integração das pessoas no saguão de espera”.
Até o momento, desde que disponibilizou os ingressos para venda pela internet (para comprar clique aqui), metade dos ingressos foram vendidos. A organização estima que se manter o ritmo de vendas apresentado até o momento, a sala estará com lotação completa antes mesmo do dia de estreia no festival. Para este ano ainda, Raul afirmou que promete ainda anunciar na Cinesala a exibição de uma outra produção que está igualmente esperada por praticantes desportes de montanha. Os organizadores apenas deixaram no ar que a surpresa fez première no SXSW este ano.
O teaser do festival no Brasil foi produzido pela Climber+
Para comprar os últimos ingressos antes que esgotem: https://freemanbr.eventbrite.com.br/